segunda-feira, 23 de maio de 2011

OUVIR MÚSICA É TERAPIA QUE AJUDA NA CURA DE DOENÇAS

Ouvir música é terapia que cura doenças

Além de um valor estético, a música também tem uma aplicação terapêutica que visa recuperar, manter e aumentar o bem-estar do ser humano. O tipo de música e os efeitos que produz dependem de fatores como a freqüência, a intensidade e o timbre do som

Judith Martínez
Em Barcelona

O conceito de doença e a atividade terapêutica têm sofrido mudanças ao longo dos séculos. Por outro lado, as reações das pessoas às experiências musicais permaneceram praticamente imutáveis. Na antiguidade, tanto a música como os instrumentos eram considerados como dádivas dos deuses - em algumas culturas fala-se da origem divina dos tambores. O musicólogo alemão Alfred Einstein considera que "o som deve ter sido algo incompreensível para o homem primitivo, e, conseqüentemente, misterioso e mágico".

Hoje se reconhece o valor terapêutico da música e ela é utilizada para "aumentar, manter ou restaurar um estado de bem-estar - usando também as experiências musicais e as relações que se desenvolvem a partir delas - de uma forma sistemática e científica", diz Kenneth Bruscia. A musicoterapia "é uma profissão estabelecida no campo da saúde que utiliza a música para tratar necessidades físicas, emocionais, cognitivas e sociais de indivíduos de todas as idades", conforme define a Associação Americana de Musicoterapia. Apesar de a profissão ser reconhecida nos Estados Unidos desde 1950, na Espanha é diferente. "A maioria dos musicoterapeutas tem título de mestrado, uma vez que a carreira não existe na graduação", explica o musicoterapeuta Joan Aureli Martí. A Associação Catalã de Musicoterapia trabalha para que a profissão "seja considerada dentro do campo da saúde, apesar de também trabalharmos com educação especial", afirma a atual presidente e coordenadora do curso de mestrado do Instituto Superior de Estudos Psicológicos (ISEP), Isabel Agudo. A associação reúne pessoas e entidades relacionadas com a disciplina para promover o uso, o desenvolvimento e a divulgação da música como terapia, tanto preventiva quanto curativa, com o fim de melhorar a saúde e a qualidade de vida das pessoas.

Num processo terapêutico, a música pode ser usada para trabalhar as habilidades motoras (coordenação, equilíbrio, mobilidade e sincronização), cognitivas (estímulo do pensamento, interação verbal, atenção, imaginação, percepção sensorial), de comunicação (tanto verbal como não verbal), e sócio-emocionais (ela ajuda a expressar e compartilhar sentimentos e promove a interação social). O tratamento deve ser executado por um musicoterapeuta e tem como objetivo restabelecer ou melhorar a saúde por meio de experiências musicais. A personalidade do terapeuta (que ao longo do tempo evoluiu do mago para o monge e, finalmente, para o musicoterapeuta), assim como a condição do paciente e a relação entre eles são fundamentais para o êxito do método. Deve existir por parte do paciente uma vontade de submeter-se ao tratamento, além de uma confiança mútua. O paciente deve desfrutar da amizade de quem cura e dar-lhe total confiança, como fez Felipe 5º que, sofrendo de uma aguda depressão, contratou o italiano Farinelli como cantor pessoal, depois de comover-se com a expressividade de sua voz.

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